Informação importante: as vendas das coisicas aqui expostas ainda disponíveis na Lojinha estão suspensas temporariamente.

20 de dezembro de 2017

Coisicas Artesanais - Plaquinha decorativa de Nossa Senhora da Humildade


Vocês conhecem Nossa Senhora da Humildade? Eu não conhecia até alguns anos atrás...

Para ser muito franca, não me recordo exatamente da ocasião em que vi uma dessas pela primeira vez... Sei que, a partir do primeiro "encontro" (possivelmente em algum museu), passei a me deparar (em vários outros museus) com muitas, inúmeras, dezenas destas representações cuja característica é, mais comumente, retratar uma Madonna sentada no chão, sobre um manto ou banqueta rudimentar - fato que denota a humildade que lhe estampa o título.

Bom, eu tenho as minhas manias... (E quem não?)... Uma delas é guardar folhetos e prospectos de exposições e museus - sempre que eles trazem impressões de imagens sacras que me tocam... Este aqui eu mantive guardadinho por muitos anos, até que me visitasse um impulso incontrolável de tirá-lo da gaveta e trazê-lo para o alcance dos olhos...

Esta Madonna, cujo original pintado sobre madeira se encontra no Museo Nazionale di San Matteo, em Pisa, na Itália, é de Gentile da Fabriano e possivelmente data de 1420-1423. Obviamente, por se tratar de uma colagem com a reprodução não comercial de uma obra tão importante (e que tampouco fora criada para este fim), a pecinha não está a venda. Será dada como um mimo a uma amiga super querida... ;)


Coisicas Artesanais - Simone dos Santos
Madonna dell' Umiltà - Gentile da Fabriano

Descrição breve: colei o recorte da Madonna sobre papel cartão e apliquei sobre plaquinha de madeira bem fininha, onde tentei reproduzir os tons de fundo da peça original no intento de dar efeito de "continuidade" na sobreposição destas peças... Passei verniz fosco e arrematei com um ganchinho de arame "à la Demori". 


Madonnas



Na minha infância e adolescência a única Madonna de que eu tinha notícia era uma cantora pop que estourou nos anos 80, rs... Mas... muito antes daquela, já existiam outras Madonnas que eu ainda desconhecia... 

"Madonnas" são representações artísticas que, há séculos, retratam Maria com o Menino Jesus. Podemos "traduzi-las" como "Nossas Senhoras" (especialmente se retratadas com o Menino). Em algumas dessas representações encontramos a presença de elementos simbólicos da paixão ou da santidade de Cristo (um cardeal (o passarinho), uma fruta, uma cruz...), em outras também é bastante comum a presença de São João Menino...

Existem inúmeras dessas Madonnas espalhadas nos museus do mundo inteiro (sobretudo no "velho mundo", berço de um cristianismo-instituição) e retratadas sob os 
mais variados temas e títulos, alguns deles podendo parecer inusitados... "Nossa Senhora do Parapeito" (retratada por trás de uma janela apoiando seu Menino, de pé, sobre o parapeito), "Nossa Senhora do Leite" (retratada amamentando o Menino)...

Bem... devo confessar aqui que sofro de certa paixonite descompensada por essas Madonnas... Quando visito museus que têm salas dedicadas a essas representações, costumo ficar uma pequena eternidade diante desses quadros/telas/tábuas, embevecida, contemplando, lendo legendas, fazendo fotos dos detalhes (sempre que fotos são permitidas)...

Sobre esta que mostro hoje aqui, de Gentile da Fabriano, tornando a olhar para ela agora, mais atentamente (e talvez influenciada pela proximidade do Natal), me ocorreu que as tantas representações de "Nossa Senhora da Humildade", retratando quase que invariavelmente Maria sentada no chão com seu Menino, bem poderiam ser uma parte, um "recorte" do imaginário que cultivamos, há aproximados dois mil anos, sobre o que (e como) teria sido o nascimento de Jesus...

Assim, sentada no chão, contemplando seu Menino com serenidade, Maria bem poderia estar naquele estábulo, cercada por burricos e carneirinhos... José estaria ali bem perto, a um canto do "cenário", talvez mexendo a lenha para manter aquecido o ambiente... Nos dias a seguir começariam a chegar, curiosos, homens e mulheres da cercania, os Reis Magos com suas prendas para completar a cena... Não sabemos... O "enquadramento" destas obras nos permite ver tão somente a mãe e seu menino num momento de intimidade e comunhão reveladas no zelo do olhar e na aura acolhedora de confiança e amor que daí emana...

E quem, diante disso, precisaria do resto do "cenário"??

A propósito... um *FELIZ NATAL* a todos! 
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18 de dezembro de 2017

PAP - un cuore di cartone!

Porque reciclar é preciso... e é possível ;)


A pecinha que apresento hoje foi total-inspirada numa imagem que vi (via pinterest) de um Blog super fofo!!! E, precisamente porque aquele blog e sua autora/artesã são italianos, o título deste post veio em italiano. Afinal, vai que o Coisicas aqui, além de ultrapassar a marca de 7 leitores, começa também a receber visitas de italianos?! Se este for o caso, ao menos o título eles poderão compreender: um coração de papelão! ;)

A peça original (veja aqui), criada por Annarita, do blog "Tutti guardano le nuvole" (todos olham as nuvens, em português), é  feita de madeira, mas quando bati o olho nela eu imaginei recriá-la com várias camadas de papelão e dar o acabamento com massa corrida ou F12... Na dúvida, experimentei os dois!


Coisicas Artesanais - Simone dos Santos - PAP coração de papelão

E aqui segue o nosso PAP de hoje! Um pouquinho trabalhoso, mas troppo facile! ;)

Você vai precisar de:

- papelão (daquela encomenda feita pela internet e que iria mesmo parar no lixo)
- molde no formato de coração
- lápis, tesoura e estilete
- pedacinhos de corda ou barbante (ou outra coisa que o valha - para fazer a alcinha de pendurar)
- fita crepe (para proteger a alcinha enquanto passa a massa)
- cola branca e pincel
- massa corrida ou "madeira em massa" F12 (usei nos tons ipê e sucupira)
- espátula e lixa (e um paninho úmido para tirar o pó da peça após lixada)
- cera incolor em pasta e paninhos (um para aplicar a cera, outro para lustrar a peça)
- esponja, betume e gel matizante
- para enfeitar o coração: cola quente, fitas, laçarotes, flores de papel ou rococós, rendas, cordinhas, barbantes OU o que mais lhe agrade ;)


Coisicas Artesanais - Simone dos Santos - PAP coração decorativo
Influenciada pelo belíssimo coração da Annarita, inicialmente separei flores e fitas

Se você ainda não tem um molde de coração, é possível fazer um dobrando uma cartolina ao meio e riscando uma "metade de coração" junto à dobra. Como eu precisava que o meu coração tivesse uma largura máxima que coubesse no meu papelão, eu tracei uma linha paralela à dobra (considerando a metade da largura que eu queria) para me guiar dentro do limite necessário. 
Risquei meio coração e, então, cortei sobre o risco (com a cartolina ainda dobrada). Feito isso, basta abrir o pedaço recortado e você terá um coração perfeitinho, sem o perigo de ficar torto! ;)

Observação: o meu coração ficou com, aproximadamente, 8,5 cm de altura e 9 cm de largura.

Coisicas Artesanais - Simone dos Santos - PAP coração decorativo

(Observe, pelas marcas de lápis na foto 1, que eu fiz vários riscos e fui apagando até chegar num desenho de coração mais gorduchinho, que era o que eu queria. Lição para a vida: nem sempre o que a gente se propõe a fazer dá certo assim, de primeira, rs). 

Faça o risco do molde sobre o papelão em número suficiente para montar um "sanduíche" com várias camadas de coração. (Considere uma proporção bacana entre o tamanho e a espessura da peça). Com a ajuda de um estilete, faça os cortes no papelão (seguindo os riscos) e teste a espessura mais adequada, sobrepondo várias camadas até decidir quantas são suficientes para o tamanho do teu coração. Para o meu caso, 3 camadas me pareceram o mais adequado.


Coisicas Artesanais - Simone dos Santos - PAP coração decorativo
Antes de colar as camadas, faça um teste para decidir qual a melhor proporção entre tamanho e espessura










Agora começa a brincadeira!

Faça uma alcinha com o barbante, dando um nó, e a ajuste sobre a primeira camada de papelão com as pontas/sobras pra dentro e a alcinha para fora (deixe o nó bem na beiradinha). Aplique cola por toda a superfície e cole uma segunda camada de papelão sobre esta primeira, fazendo um "sanduíche". Depois, cole a(s) camada(s) restante(s).


Coisicas Artesanais - Simone dos Santos - PAP coração decorativo
Tico e teco em colapso: acho que a ordem das fotos ficou 'zoada'... Mas dá pra entender, né? ;)

Coladas as camadas de coração, temos agora um "sanduíche". Espere a cola secar completamente (deixe o "sanduíche" sob um livro pesado para ficar bem coladinho). Passada essa etapa, é chegada a hora, então, de aplicar a massa corrida ou F12. Eu fiz um de cada para mostrar o resultado aqui procês

Observações: 
1- Antes de sair "besuntando" tudo, proteja a cordinha com uma fita crepe.
2- Comece passando a massa nas bordas laterais e em parte de uma das superfícies (afinal, você precisa segurar o "troço"), espere secar e depois passe a massa onde ficou faltando.
3- A espátula ajuda muito na hora de aplicar a massa, mas para alguns cantinhos eu acabei usando o dedo mesmo. Evite fazer isso, mas se, de toda forma, o fizer, lave bem as mãos assim que acabe a "lambança", retirando todo o produto da pele).
4- Gostei mais do trabalhinho feito com massa corrida.

Coisicas Artesanais - Simone dos Santos - PAP coração decorativo
"Faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço"... As fotos me entregam: apenas protegi a cordinha do coração onde apliquei F12...










Daí, basta esperar a massa secar bem e, então, lixar para deixar bem lisinho. Muito possivelmente será indicado repetir a aplicação de massa para corrigir pequenas rachaduras que poderão ocorrer devido ao "comportamento" do papelão. O procedimento é o mesmo: passe a massa, cobrindo imperfeições e rachaduras, espere secar bem e, só então, lixe. Se quiser, na segunda "lixada" (porque só então o papelão estará mais protegido), você pode desgastar mais nas beiradinhas com a lixa, cuidando para não "machucar" o papelão. A partir daqui, como fiz dois modelos com materiais diferentes, eu tive dois processos de acabamento diferentes...

Para o coração de massa corrida eu escolhi aplicar betume "tabaco" nas beiradas, usando uma esponjinha suja com matizador (para espalhar o produto com mais uniformidade e dar um efeito de sombreado e "sujinho" de modo mais natural). No final, com a esponjinha carregada "quase nada", eu a esfreguei sobre a superfície do coração, apenas para tirar o "brancão" da massa corrida. Depois, passei um verniz fosco para selar e, depois de seco, apliquei cera em pasta e, por fim, lustrei.

Observação: por alguma razão que desconheço, as ceras em pasta custam muito a dar brilho se aplicadas diretamente sobre massa corrida, por isso passei a "selar" minhas peças nestes casos com verniz fosco ou, ainda, com tinta pva antes de aplicar a cera e lustrar. Tem funcionado ;) 

No fim de todo o processo, as fitas e flores que havia separado inicialmente ficaram de lado e eu decidi fazer um arranjo com palha da costa, folha de louro, pau de canela e sempre-vivas.

Já o coração feito com a massa F12, bem... Depois de lixado (obs.: esta massa é bem chatinha para lixar e deixar um efeito bem lisinho), eu apenas encerei e lustrei. Não consegui decidir ainda como finalizá-lo... 


Coisicas Artesanais - Simone dos Santos - PAP coração decorativo de papelão

Não duvido que, em breve (pois, por ora, estou sem), ele acabe portando mais um pombinho - para confirmar minha tara e predileção já conhecidas por todos aqui... rsrs... 

Outras possibilidades: essa técnica de sobrepor camadas de papelão pode render mil ideias criativas! É possível fazer dessas letras que agora estão na moda, um pássaro para enfeitar uma prateleira no quarto daquela tia mais querida, uma mini árvore de natal para a mesa de doces da ceia... Basta deixar a criatividade fluir! ;)


Coisicas Artesanais - Simone dos Santos - PAP coração de papelão - outras possibilidades
Outras possibilidades já em processo de "fazeção" ;)

E então? Alguém aí se animou?? ;)

* * *

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6 de dezembro de 2017

Entrevista - Um 'dê di próz'* com Renato Magalhães

* legenda para os menos familiarizados ao mineirês: dedo de prosa.


Hoje eu venho publicar uma entrevista que fiz recentemente com Renato Magalhães, artesão que conheci há alguns anos na feira da Afonso Pena, na capital mineira. Homem admirável, de personalidade forte (porém de uma humildade e brandura que contagiam), Renato (justamente por conta de tanta humildade) me deu certo trabalho...

Para começo de conversa, fiquem vocês sabendo que ele não queria que eu escrevesse sobre seu trabalho aqui no Coisicas (e eu só escrevo sobre o trabalho de artistas/artesãos que me permitam fazê-lo)... A verdade é que Renato não quer holofote, não busca reconhecimento... (então para quê quereria uma publicação na internet sobre a beleza do que faz??).

Para um artesão tão desprendido de vaidade como ele, argumentos do tipo "o teu trabalho pre-ci-sa ser conhecido por mais pessoas!" (ou, o que seria mais justo dizer: "as pessoas pre-ci-sam conhecer o teu trabalho!") não causam comoção... Tive de persuadi-lo, então, com outro argumento - e mais contundente: uma publicação no Coisicas Artesanais, um blog com talvez 6 leitores, não seria capaz de tumultuar a pacatez da sua vida de artesão anônimo... ;)

Diante de tão forte e incontestável argumento, Renato acabou cedendo ao meu assédio e me autorizou a falar de seu trabalho. Coisa que, aliás, fiz na hora! (Antes que ele pensasse um pouco mais e mudasse de ideia! rs)... Isso foi há quase dois anos. Leia aqui o post publicado à época.

Bem, brincadeiras à parte, nós dois ficamos muito felizes quando uma moça de Fortaleza, que estava em BH a trabalho, chegou este ano lá na sua barraquinha dizendo que havia rodado a feira inteira "catando ele" e que o estava procurando porque tinha lido sobre o seu trabalho num blog de artesanato... (Ai, gente!!! Teria eu 7 leitores e não 6 como penso?? rs).

Percebendo a alegria que sentimos com aquele contato/feedback inesperado, achei que era chegado o momento de, finalmente, propor ao Renato uma entrevista aqui para o Coisicas...

E não é que ele topou de pronto?! =)

Coisicas Artesanais - Renato, onde você nasceu e em qual data?
Renato Magalhães - BH, 1963.

C.A. - Na infância, quais eram as tuas brincadeiras favoritas? Você tinha já algum contato com a argila?
R.M. - Não... Era brincadeira de criança mesmo, mas eu fazia os meus brinquedos, gostava de jogar bola...

C.A. - Que legal! Outros artesãos que já entrevistei aqui também contaram que criavam seus próprios brinquedos na infância... Quais brinquedos você fazia?
R.M. - Eu fazia aviões, ônibus, de isopor, de papelão..., carrinho de rolimã... Eu gostava de origami também, né... Tem coisa que eu lembro como faz até hoje, muitas eu já esqueci, eu tinha 9 anos quando fazia essas dobraduras...

C.A. - Que legal, Renato! E, nessa época, você sonhava em ser o quê quando crescesse?
R.M. - Ah, eu não tinha noção ainda do que eu queria... Eu gostava mesmo de desenhar...

C.A. - Então você desenhava??
R.M. - Desenhava...

C.A. - E desenhava o quê?
R.M. - Olha, meus desenhos eram variados.... na adolescência era mais psicodélico, gostava de preto e branco, luz e sombra... Fiz até um autorretrato meu.

C.A. - Nossa! Que bacana! Agora eu fiquei curiosa, quero ver esse autorretrato um dia! ;) E, vem cá..., antes de trabalhar com argila, criando suas mandalas e seus colares, você trabalhou com alguma outra coisa?
R.M. - Ah... várias coisas... Desde trabalhar com floricultura, bem novo, ajudando meu tio... Tive carteira de trabalho assinada com 14 anos... Empresa de transporte, almoxarifado, empresa pública...

C.A. - De tudo um pouco?
R.M. - É...

C.A. - E você acha que essas experiências tão diversas ajudaram a formar o Renato que você é hoje?
R.M. - Ajudaram... porque você vê muita coisa, tem noção de tipo de pessoas, a visão do lucro, as pessoas ali... Ver algumas coisas me desgostou até, me fez até querer sair...

C.A. - Te fez perceber que você queria outra coisa pra tua vida?
R.M. - É... eu não queria passar por aquilo não, rs...

C.A. - E em qual momento da vida você "encontrou" a argila e passou a fazer artesanato?
R.M. - Ah, já desde os 16 anos... Tinha uma cerâmica perto de casa e eu comecei a fazer uns desenhos nos jarros de um amigo. Eram desenhos que eu já fazia em papel... e comecei a passar pro barro. Aí eu gostei de trabalhar com cerâmica, que tem os quatro elementos da natureza, e aí não parei mais...

C.A. - Nossa... Que interessante isso, Renato... Porque o desenho parece que esteve sempre presente como uma necessidade expressiva tua, desde a infância, né? Você gostava de desenhar quando menino; começou fazendo desenhos em papel (fez até autorretrato!). Depois, foi passando os teus desenhos pra jarros de cerâmica e, hoje, as tuas mandalas têm um elemento pictórico muito marcante, trazendo formas, linhas e contornos tão cuidadosamente elaborados! Bem..., o desenho, eu acredito que seja mesmo uma habilidade inata, um dom teu, mas... e a argila? Alguém te ensinou alguma técnica para o trato com a argila ou isso foi um aprendizado intuitivo?
R.M. - É... Olha... eu desenvolvi muita técnica própria e aprendi com muita gente, observando as pessoas trabalhando.

C.A. - Hum... Você se considera um bom observador?
R.M. - Sim...

C.A. - Renato, você acredita que a dedicação ao artesanato é capaz de nos ajudar em processos de cura?
R.M. - Olha... Não sei desse negócio de cura... Pra mim, quem cura é Deus. O que eu acho que acontece é que quando você se determina a fazer alguma coisa, qualquer coisa, você muda o foco.

C.A. - Muda o foco e, daí, abranda a dor??

R.M. - É. Aí você fica melhor...

C.A. - Você acha, então, que é uma questão de propósito e determinação?
R.M. - É. Porque... qualquer coisa que vc faça, se te distrai, te tira da dor e você consegue vencer... Às vezes meu filho me chama pra brincar e eu tô cheio de dor, mas ali na hora, brincando com ele, parece que não tem a dor...

C.A. - Renato, você gostaria de deixar alguma mensagem para os nossos talvez 6 ou 7 leitores? ;)
R.M. - Ah... ter sempre confiança no que gosta, porque o maior valor é você ter uma satisfação profissional, o dinheiro é só consequência... Então é você trabalhar, não pelo dinheiro, mas pelo prazer de trabalhar.


Coisicas Artesanais - Entrevista com Renato Magalhães
As mãos do artista...

Coisicas Artesanais - Entrevista com Renato Magalhães
... e suas peças, expostas na feira da Afonso Pena, em BH.

Renato, querido, muito grata, demais da conta mesmo, por esse dedin de prosa aqui pro Coisicas! Por mais que eu já tenha dito isso pessoalmente, mais de uma vez até, acho que você não pode imaginar o tamanho da minha alegria e o prazer que você me proporcionou quando me autorizou a escrever sobre o teu trabalho e ainda mais agora, com essa entrevista. Por isso, mais uma vez eu digo: lhe sou muito, muito grata!

Desejo tudo de mais lindo pra você, que Deus continue te fortalecendo e te inspirando a se superar, a surpreender e a criar e recriar a beleza nas tuas peças, tão delicadas e únicas!

Muita Luz e belas inspirações sempre pra você!

Aos leitores que estejam por BH e queiram visitar a barraquinha do Renato sem ter que "fazer a gincana" rodando a feira toda procurando por ele, vou deixar a dica para ficar mais fácil encontrá-lo. A feira acontece sempre aos domingos, na Av. Afonso Pena (entre a rua da Bahia e a Guajajaras) e o Renato fica no setor das cerâmicas, no lote das barraquinhas de cor vermelha e branca, pertinho da calçada do Palácio das Artes. O "endereço" é este:

Setor G - Fila 5 - Barraca 15

Anota direitinho pra não se perder, porque a feira é graaaande! ;)
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30 de outubro de 2017

Coisicas Artesanais - Quadrinho N.Sra. Aparecida


Hoje venho mostrar uma coisica minha nos padrões de uns quadrinhos que andei criando muitos anos atrás, com plaquinhas penduradas por correntinhas, trazendo mensagens em que acredito...

A velha inspiração tornou a me visitar e pretendo fazer e publicar aqui outros nesse estilo. Mas não posso prometer nada... Sou muito de veneta (e um tanto taurina!, rs)...

Voltando à pecinha, desconsiderando o viés religioso que a frase possa parecer tomar (principalmente por estar aplicada aqui num quadrinho com uma Nossa Senhora), acredito mesmo que, independente das instituições e mecanismos ritualísticos que criamos (nós, a humanidade), a fé nos mantém a todos, porque o que nos impulsiona para a Vida é a capacidade de acreditar!

Minha fé me mantém
e eu mantenho minha fé!

Coisicas Artesanais - Simone dos Santos

Descrição: Flores e Nossa Senhora de madeira aplicadas sobre toquinho de madeira com plaquinha fina pendurada por correntinha com aplicação de laço de palha da costa. 

Medidas: a plaquinha com a santinha mede aproximadamente 13 cm x 9 cm, com 4 cm de espessura (considerando-se também as flores aplicadas). Ao todo, considerando a plaquinha pendurada, a peça fica com aproximadamente 17 cm de altura. 

Valor: R$ 60,00 (mais frete).

Quer saber informações sobre modo de pagamento e frete? Entre em contato pelo e.mail: coisicas.artesanais@gmail.com
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29 de outubro de 2017

Coisicas Artesanais - Mais um... Divininho!


Essa minha mania de publicar tantos Divininhos por aqui tem certo inconveniente... Quando estou no editor do Blogger, por exemplo, super curiosa e tentando verificar as estatísticas, nunca sei quais dos meus posts com divininhos têm sido visitados, porque a referência lá no editor, para todos eles (já que todos trazem a palavra "divino" ou "divininho" no título) é sempre algo do tipo "qualquer.coisa.indecifrável-divininho-qualquer.outra.coisa.indecifrável". E eu fico sem saber...  ;P

 Fazer o quê?

Aqui vai mais um para o meu roll de posts 'divinísticos' inidentificáveis na estatística do editor...

Coisicas Artesanais - Simone dos Santos
Mais um, de novo, outra vez (não me canso)... Divininho! ;)

Descrição: Pombinho de madeira aplicado sobre "toco" de madeira. Este pombinho já comprei lindamente patinado e encerado, apenas pintei os olhinhos e o bico. O toquinho de madeira recebeu tratamento para ter efeito de pátina azul e sobre ele pintei pequenas flores em tons de creme e rosa. Medidas: 11,5 cm x 9 cm com aproximadamente 4,5 cm de profundidade (considerando espessura da placa mais a projeção da cabeça do pombinho). Valor: R$ 40,00 (mais frete).

Quer ter mais informações sobre modo de pagamento e frete? Entre em contato pelo e.mail: coisicas.artesanais@gmail.com
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Coisicas Artesanais - Mais um Divino


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7 de outubro de 2017

História ilustrada - Devoção Congadeira e a história de Nossa Senhora do Rosário entre as Irmandades do Rosário no Brasil


Artista convidado: Alexandre Rosalino



Hoje, 7 de outubro, é dia de Nossa Senhora do Rosário. Considerada a Padroeira dos negros, Ela é festejada por Nações de maracatu e Irmandades congadeiras espalhadas por diversos cantos do Brasil... Por isso, hoje eu peço licença para (re)contar aqui uma história que ouvi muitas vezes, de variadas fontes, em diferentes contextos e com nuances diversas, contada por homens e mulheres d'Ela devotos.

Evitando fugir muito ao tema principal desse blog (que é artesanato), eu convidei, para ilustrar essa história, um artista que traz consigo forte vivência entre aqueles devotos de Nossa Senhora do Rosário (ele próprio, aliás, um devoto), fato que marca a temática de parte de seus quadros, inspirados nas festas, na musicalidade e na fé de homens e mulheres herdeiros e mantenedores dessa tradição que ele conhece tão bem. Ao ser convidado a participar deste post, Alexandre Rosalino, muito gentil e generosamente, agarrou a "missão" de criar um quadro especialmente para esta ocasião! ♥ ♥ ♥ Eita, que assim eu fico besta! Quanta honra♥ /\ ♥ 

Pois bem... vamos à história - que não é minha, mas daqueles homens e mulheres que a celebram todos os anos... Ela não tem local preciso nem data exata - como bem devem ser, aliás, as histórias que servem ao  arcabouço do Coletivo, onde podemos caber todos nós...

Dizem que o fato se passou muitos e muitos anos atrás... 


Num certo dia, daqueles tempos ainda de escravidão, num lugar onde hoje não seria possível precisar, o que se sabe de certo mesmo é que Nossa Senhora do Rosário apareceu no mar! E que, rapidamente, o dono daquelas terras mandou seus homens de confiança resgatarem a Santa. Aos negros, seus escravos, ordenou a feitura de uma capela para abrigá-la. Capela erguida, a Santa resgatada foi então posta no altar e daí foi um tal de oração prum lado, ladainha pro outro, bênção de padre amigo da nobre família e tudo o mais de pompa que a ocasião merecia!

(Naqueles tempos, a gente sabe, os negros não podiam entrar nas igrejas - mesmo tendo sido erguidas por eles - e, portanto, ficaram de fora de toda a celebração...)

Ocorre que, misteriosamente, mesmo com capela erguida, rezas e bênçãos oferecidas, no dia seguinte a Santa tornou a aparecer no mar. E lá se foram outra vez os homens de confiança do sinhô buscá-la para colocá-la de volta em seu lugar, na capela. Mas o fato misterioso tornava a suceder nos dias seguintes... Quantas vezes fosse retirada do mar e colocada no altar da capela, tantas vezes a Santa tornava a aparecer no mar...

Após inúmeras tentativas frustradas, foi a vez de os negros, eles próprios, tentarem resgatar a Santa de uma vez por todas. Mas eles não entraram no mar para pegá-la. Não. Eles ficaram foi na beira da praia, de onde era possível avistá-la entre as vagas. Ali mesmo se dividiram em 2 ou 3 grupos com seus tambores feitos de pau ocado e folhas de bananeira (ou de couro de bicho...) e, ali mesmo, se puseram a cantar, a dançar e a tocar em reverência à Nossa Senhora do Rosário, que estava no mar (de onde, aliás, também aqueles homens e mulheres - ou seus antepassados - vieram chegar em terras de cá).

Um grupo, formado pelos mais jovens, "puxava" cantigas de grande vigor e tinha movimentação ligeira. Outro grupo, formado pelos mais velhos, vinha atrás, mais devagar, e entoava cânticos mais solenes, de notas longas e ritmo mais lento... Cada grupo cantava ao seu modo, com ritmos diferentes e todos ao mesmo tempo!

Ao passo que cantavam e tocavam, a Santa vinha se aproximando da praia, mais e mais, como que trazida pelas ondas ou... como que embalada magicamente pela cadência daquelas músicas e pela força daqueles homens e mulheres que cantavam para Ela!

Quando estava já bem perto da praia, Nossa Senhora pôde ver nos olhos daqueles homens e mulheres (mais que as feridas e as marcas que traziam em seus corpos) a dor que carregavam na alma, fruto da escravidão. E dizem que foi então que Ela se sentou sobre um dos tambores que os negros tocavam (aquele, sim, o SEU LUGAR - entre aqueles que cantavam em Sua devoção!) e que ali, diante deles e entre eles, foi que, compadecida de tanto sofrimento, Ela chorou...

Dizem que no lugar onde Ela chorou, bem onde o seu pranto tocou o chão, nasceu um pé de Lágrima de Nossa Senhora, de onde os herdeiros dessa tradição extraem as contas que usam, até os dias de hoje, para fazer o seu Rosário, que lhes fora dado por Ela.

O tambor onde Ela se sentou, chamado candombe (aliás, um naipe inteiro de tambores), é hoje guardado como relíquia em diversas Irmandades, não saindo nas ruas em cortejo, por se tratar de tambor sagrado. Em seu lugar saem às ruas as caixas, os patangomes, as gungas..., mas o candombe é usado até os dias de hoje para firmar bandeiras, quando se erguem os mastros nas festas que ocorrem em diversas comunidades congadeiras do nosso país.

Os cortejos saem ainda em dois grupos, hoje comumente chamados de ternos ou guardas. Como na antiga história, as duas guardas saem juntas. A mais jovem e de cantigas mais alegres e ligeiras, ficou conhecida como guarda (ou terno) de congo. Já a de toadas mais lentas e solenes, e formada pelos mais velhos, guarda (ou terno) de moçambique. Em algumas regiões, sabidamente no norte de Minas Gerais, esses grupos estão representados como Catopês e a eles se juntam outros grupos ainda... Marujadas, Caboclinhos e Caixas de Assobio cantam, tocam, dançam e saem em cortejo para louvar Nossa Senhora do Rosário!

Em seus ritos de devoção, esses grupos passaram a contemplar também São BeneditoSanta Efigênia (dentre tantos outros santos católicos) e relembram em suas cantigas as dores dos seus antepassados (que viveram os horrores da escravidão) e temas como a libertação dos escravos, por vezes cantando ainda para Oxalá, para Iemanjá, para Xangô etc, mesclando e amalgamando culturas de matrizes diversas num calendário festivo que (dependendo da Irmandade) tem início entre agosto e outubro e se estende até maio do ano seguinte.

Nas diversas regiões onde é festejado o Reinado de Nossa Senhora (também popularmente conhecido como "congado" ou "congada"), cada Irmandade, cada capitão e capitã, cada bandeireira e caixeiro, cada criança, devoto e irmão, todos contam aquela mesma história de Nossa Senhora resgatada do mar - obviamente dando nomes e características próprios da sua região, da sua cultura, do seu histórico social e focando neste ou naquele detalhe, de acordo com as histórias que ouviram de seus antepassados e que vêm sendo recontadas e retransmitidas de geração a geração...

No fundo, guardadas as particularidades inerentes a cada Irmandade (que revelam variáveis sociais, regionais etc...) a história é sempre a mesma e une a todos enquanto Filhos do Rosário e descendentes de uma mesma tradição.

Viva Nossa Senhora do Rosário!

Viva todo o Povo do Rosário! 

Vivam as Irmandades Congadeiras de todo o Brasil!

E vivam as histórias, os costumes e a fé, quando são capazes de nos unir de novo como IRMÃOS que verdadeiramente somos!

Coisicas Artesanais - Alexandre Rosalino
Sem título - óleo sobre tela - Alexandre Rosalino

"Lá no alto mar, êêê... tem uma luz que brilha
Lá no alto mar, êêê... tem uma luz que brilha
É o reflexo sagrado 
que alumeia o Rosário 
de Maria
É o reflexo sagrado 
que alumeia o Rosário 
de Maria"
(canto tradicional das guardas de moçambique em Minas Gerais)

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Quero agradecer enormemente e do fundo do meu coração ao artista plástico Alexandre Rosalino, que se prontificou a pintar tão belo quadro (e carregado de memórias, de cores, fantasia, sentimento...) especialmente para este post! Quando o contactei, há alguns meses, com uma proposta maluca (sim, porque eu fiz a "encomenda" avisando que não iria comprá-la (!), que era tão somente para publicar aqui no Coisicas), ele, generosíssimo, em vez de me achar uma louca-varrida ou me mandar catar coquinho na ladeira, se envolveu, se entregou e decidiu participar!

Rosalino, querido, eu nem encontro palavras para demonstrar o tamanho da minha gratidão... Me sinto muito feliz e honradíssima com tua participação tão especial! Muito agradecida pela confiança e pela generosidade. Gradicidimáis da conta-! ♥ ♥ ♥

Quero agradecer também, e acima de tudo, à cada irmão e irmã da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário de Justinópolis, pela acolhida generosa e carinhosa de sempre e entre os quais eu pude ver e sentir essa história pelo lado de dentro e vivenciar um pouco dos seus desdobramentos e seus mistérios, o que mudou a pessoa que eu sou e pelo quê me sinto profunda e eternamente agradecida! /\

Aos leitores, aviso que pretendo apresentar Alexandre Rosalino "formalmente" aqui no Coisicas... Contar como o encontrei, falar um pouco da sua obra, do seu envolvimento com o congado mineiro, enfim... trazê-lo pruma boa prosa/entrevista para vocês poderem conhecer um cadiquinho mais esse artista tão especial!

Por ora, deixo vocês curiosos e na expectativa, apenas com o gostinho bom dessa "provinha" belíssima e generosa com que ele nos presenteou...

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4 de outubro de 2017

Coisicas Artesanais - Mini badulaque inspirado em sonho bom


Recentemente eu tive um sonho bom, daqueles que deixam gostinho de coisa realmente vivida e flashes de imagens que parecem muito reais ao longo do dia... Eu estava numa casa antiga, muito bonita, de uma beleza muito simples... As paredes caiadas em tons pastel, uma rosa, uma outra azul... Era uma casa grande e arejada, com poucos móveis, e toda ladeada por varanda que dava prum quintal de árvores de pequeno porte. 

De dentro daquela casa (que não era minha e nem de ninguém que eu conhecesse), eu ouvia que me chamavam do lado de fora e então eu fui lá ver o que era. Um embrulho do tamanho dum livro acabava de chegar para mim, trazido por um homem que supus ser o carteiro da região... 

Sonhos são mesmo assim. Embora eu não conhecesse aquela casa e nem soubesse por qual razão eu me encontrava ali, não estranhei nem um pouco o fato de chegar uma encomenda para mim naquele endereço que não era meu. Abri o pacote que acabara de receber e me deparei com um lindo colar que, pela naturalidade da minha reação, mais parecia ter sido encomendado por mim mesma. O colar tinha um enorme pingente de madeira, em formato de coração, com um pombinho aplicado sobre ele, e seu cordão era grossinho, com muitas, muitas continhas em tons de branco, bege e dourado. 

Ao experimentá-lo em mim, percebi que o cordão era muito curto e não chegava a circundar nem metade do meu pescoço e que o pingente de coração era demasiado grande para o meu colo (devia ter uns 15 cm). Fiquei triste com a constatação: um colar tão lindo não me serviria, não cabia em mim, eu não poderia usá-lo... Mas a decepção durou uma fração de segundo e, na fração seguinte, eu tive o impulso quase involuntário de pendurá-lo na parede.

Pendurei o colar na parede azul clara, pelo ganchinho do pingente, e deixei que as duas pontas do cordão caíssem por sobre o coração com suas muitas contas de cores claras.

Ao vê-lo assim, na parede, com o coração e o pombinho meio encobertos por tantas contas, entendi (ali no sonho) que não se tratava, de fato, de um cordão, mas de um "pingente-proteção", uma espécie de amuleto ou medalhão, um "bentinho" para o lar... E, então, fiquei feliz demais da conta!

Acordei com a sensação benfazeja daquele sonho bom me inundando o peito. Feito marola branda que vem dar de mansinho na areia da praia, a imagem daquele penduricalho fofo na parede daquela casa, sobejando proteção, me visitou ao longo daquele dia e nos dias seguintes... Desejei ansiosamente reproduzi-lo!

Não posso enganar vocês: o do sonho era infinitamente mais belo! (E creio que impossivelmente reproduzível...). Mas este aqui está "no jeito" e chega radiando sentimento bom, amparo e amor! ♥

Coisicas Artesanais - Simone dos Santos
No meu lar, no meu rincão, sempre Luz e Proteção!

Descrição: pombinho de madeira aplicado sobre coração de madeira, patinados e encerados, com aplicação de cordas, pingentes, perolinhas, rococó e fita.

Atualizado: "tem mas acabô"!

Mas não fica triste, não... Visita a Lojinha e escolhe outra coisica procê! ;)

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