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Amooo... ♥ |
Quando criança, eu era muito chata pra comer e torcia o nariz pra muita comida boa - mesmo antes de provar! Nota: "mesmo antes de provar" é pura força de expressão porque, de fato, eu não provava nada que já tivesse condenado - e pra condenar qualquer alimento, bastava que eu não fosse com a cara dele ou achasse muito esquisito seu nome. Pronto, não tinha conversa.
No quesito "comida feia" marcavam presença a berinjela, o inhame, o quiabo... Já no quesito "nome estranho", estrelavam o rabanete, a beterraba e, novamente, o quiabo... Sim, alguns alimentos figuravam em mais de uma categoria de proibições. O quiabo, além dessas duas mencionadas, ainda elencava a de "textura pavorosa", junto, aliás, do inhame, outro que aparecia em muitas categorias...
Eram muitas as limitações, e um alimento deveria cumprir uma série de requisitos para ter a graça da minha simpatia gustativa. A 'coisa' não poderia ser "paposa" ou gosmenta, mas a crocância de uma cebola tampouco era tolerada; não poderia ter cor "berrante" ou "cheguei", mas a coloração pálida da batata doce era igualmente rechaçada; não poderia ser amarga e, em se tratando de comida, em hipótese alguma deveria ser doce! Com essa infinidade de quesitos proibitivos, excluía-se quase tudo de nutritivo (para desalento de mamis)...
Mas nenhum alimento era tão temido quanto a abominável, indigesta e nauseante minhoca - uma larvona grande e gorducha com riscos anelados, qual um congolo pálido e inchado que, um pouquinho mais velha, apurei os ouvidos e compreendi se tratar do gnocchi !!! (ou nhoque mesmo), rs...
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Gnocchi feito em casa. Desfeito o quiprocó, hoje eu adoro o prato que, na infância, achava que era feito de minhocas! ;) |
Pra não dizer que não salvava nada, eu até gostava de uma couvezinha à mineira e gostava muito, mas muito mesmo, de abobrinha (também, pudera! Com um nome fofo desses! rs).
E o espinafre estava lá nas categorias de amargosidade e feiura, mas com conversa e jeitinho, mamãe me convencia a comer um pouquinho, afinal, não era tão terrível como parecia... (e não chegava a ser insuportável, principalmente se comparado à asquerosa "minhoca"!)...
Ainda bem que essa fase enjoada com comida ficou lá pra trás! Hoje eu como de tudo, adoro experimentar novos pratos e inventar combinações de ingredientes, sabores e texturas, e posso dizer que muitos dos alimentos que me faziam torcer o nariz na infância, hoje eu como com gosto! O espinafre é um belo exemplo disso! Amo! ♥
Mas nem toda percepção da infância foi superada e preciso confessar que preservo ainda algumas implicâncias, é bem verdade... Essa coisa de doce na comida, por exemplo, ainda me embrulha o estômago... De batata doce e abóbora, portanto, ainda preciso manter uma distância segura... Vivo bem melhor sem elas!
Ok. Também não precisamos gostar de tudo nessa vida, não é mesmo?
Mas, ora! Deixemos de prosa e vamos aos pratos! :)
Antes, porém...
Antes de falar dos pratos em si, tem o preparo do espinafre, né? Se lavar, cozinhar no vapor, picar e refogar espinafre não é novidade pra você, então rola a barra até a primeira receitinha, mais abaixo. ;)
Higienizar:
Deixe o espinafre de molho numa bacia com água misturada a uma tampinha de água sanitária por 15 minutos. Escorra a água e lave o espinafre sob água corrente.
Cozinhar no vapor:
Após lavar, cozinhe o espinafre no vapor por 5 a 7 minutos, 10 minutos no máximo (a depender da quantidade). Se você não tem panela de vapor, disponha o espinafre numa panela bem grande com uma colher (sopa) de água no fundo. As próprias gotinhas que ficam no espinafre após a higienização, também vão ajudar a formar o vapor pela panela (que precisa ser grande, pra deixar o ar circular dentro). Tampe a panela e deixe em fogo entre brando e médio até que as folhas percam parte do volume. Se for muita quantidade, após a primeira "murchada", mexa um pouco o espinafre na panela para que cozinhe tudo por igual e deixe mais um pouco. O espinafre vai "murchar" (perder volume) e ficar com um verde intenso, vívido e brilhante e suas folhas e talos permanecerão crocantes. Apague o fogo e deixe esfriar.
Picar:
Após cozido no vapor e já morno ou frio, esprema o espinafre com as mãos para retirar o excesso de líquido. Sairá um caldo verde escuro. Não jogue fora este caldo, aproveite-o no feijão, no cozimento do arroz, na sopa ou na massa de pães caseiros ;)
Pique grosseiramente o espinafre, aproveitando os talos! Descarte apenas aqueles pedacinhos de talo que não estejam "croc" e que resistam ao corte da faca, aí sim, esses pedaços vão pro seu baldinho de orgânicos ou composteira ou poderão servir de ingrediente para fazer uma "vitamina-adubo" para plantas ;) Para facilitar o processo de identificar talos bons e pedaços a descartar, sugiro separar folhas e talos e picá-los em separado, depois pode juntar tudo outra vez. ;)
Refogar:
Numa frigideira com azeite, frite alho e cebola picados e junte sal a gosto. Espere a cebola "esmaecer" um pouco (ficar levemente transparente) pra perder aquele "croc" ardido. Só então junte o espinafre. Como ele já foi cozido no vapor, basta saltear por 3 minutos. A quantidade de cada coisa vai depender do gosto de cada um. Geralmente, para o volume de 1 prato raso de espinafre já cozido e picado, eu uso 1/2 cebola grande e 2 dentes de alho.
Obs. importante: você não precisa necessariamente passar o espinafre pela etapa do vapor. Depois de higienizado, você pode picá-lo grosseiramente e refogá-lo imediatamente. A dica de aproveitamento dos talos serve igualmente neste caso. Refogue o tempo suficiente para ele murchar um pouco e ficar com coloração verde vívida e intensa. Fica uma delícia! Um sabor intenso e maravilhoso! Poréééémmmm... observei que a mim o espinafre apenas salteado, sem cozimento prévio, costuma causar muita azia (uma pena!), por isso eu sempre passo pelo vapor, mas não é uma etapa obrigatória ;)
Bem, esse é o preparo básico do espinafre e é a partir desse refogadinho (com ou sem cozimento prévio, a depender do estômago de cada um, rs) que vamos fazer as receitas a seguir ;)
Refogadinho de espinafre e ovos
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"Boniteza não põe mesa"... Bonito não é, mas é gostoooso! :P |
Essa eu aprendi com mamis, que costumava usar chicória ou bertalha em vez de espinafre - e ficava mega delicioso, embora naquela época eu comesse fazendo esforço, rsrs...
Esse refogadinho com ovos é a mais simples das receitas de hoje! Sabe a base refogadinha que acabamos de ver ali acima? Pois então, com o fogo ainda aceso, quebre alguns ovos por cima, salpique sal, pimenta ou outros temperos do seu agrado, tampe a panela e deixe cozinhar em fogo médio até que os ovos estejam no seu ponto favorito. É rapidinho, mas isso também vai depender do tamanho da sua panela, então, dá uma conferida com um garfo pra sentir o ponto das gemas antes de apagar o fogo. ;)
Sirva aos pedaços, com arroz e feijão, por cima do angu ou acompanhando aquela carne suculenta de panela. Bonito, bonito, não é, mas, gente, fica uma delícia!
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Básico, fácil, saboroso e nutritivo! ♥ |
Quiche de espinafre, nozes e queijo de cabra ♥
Taí uma combinação de ingredientes que é a própria perfeição! Espinafre refogado, nozes e queijo de cabra - parece que nasceram uns para os outros e, juntos, para nosso deleite! ♥
Essa mesma mistura eu também uso para rechear massas caseiras (sorrentinos e ravioles - amo!), que sirvo com molho de tomate caseiro e simples. É de comer rezando! ♥♥♥
Para a quiche, faça a massa e o creme conforme receita que já publiquei anteriormente, numa ocasião que fiz quiche de alho poró (veja aqui). O que muda é o recheio da montagem: sobre a massa, coloque uma primeira camada de queijo de cabra ralado, por cima, coloque uma camada de espinafre refogadinho. Espalhe mais pedacinhos de queijo picado por cima e nozes quebradas (como na foto abaixo) e, por fim, despeje o creme por cima de tudo, com cuidado. Leve para assar em temperatura alta por mais ou menos 30 minutos ou até que o creme esteja consistente e levemente dourado.
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Etapa da montagem com nozes e queijo de cabra e, ao lado, a quiche pronta. Um prato de presença - e de lamber os beiços! ♥ |
Arroz com espinafre, nozes, gergelim e atum
Essa é uma invenção meio maluca minha, de uma ocasião em que eu estava muito "pistola"... Aqui em casa não temos o costume de jantar, mas quando eu bolei esse prato maluco, muitos anos atrás, eu tinha tido um "dia de fúria" (leia-se TPM com muita ansiedade e inquietude) e eu estava chegando em casa varada de fome, depois de um dia cheio no trabalho e de uma sessão de pilates que eu me obriguei a ir. Naquele dia eu precisaaaava COMER, me fartar de comer!!! Era fome física e fome emocional, tudo junto! (E quem nunca??)
Reconhecendo que estava numa TPM braba daquelas, garimpei tudo o que tinha em casa e que, dizem, teria propriedades "anti-TPM". Ômega 3, magnésio, vitamina E, ferro, fibras... Traduzindo: atum, nozes, gergelim, espinafre, cebola, azeite, rs... Refoguei tudo, juntei um arroz integral cozido de véspera que estava na geladeira e montei meu prato. Gente! Comi com um prazer i-ne-nar-ráááá-vel! E repeti!
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Sem mistério: ao refogado de espinafre, junte 1 lata de atum, arroz cozido, nozes, gergelim, finalize com um filete de azeite, misture tudo e seja feliz! |
Tudo bem, vamos dar o desconto que, na situação limítrofe em que eu estava com aquela TPM9 (TPM elevada à nona potência), minhas emoções e reações a qualquer coisa estavam exageradas (para o bem e para o mal) e isso pode ter aumentado também o meu deleite diante desse prato, mas... por via das dúvidas, eu tornei a fazê-lo em casa e passei a prepará-lo de vez em quando e, com ou sem TPM, continuo achando esse prato uma delícia! Até marido me acompanha com gosto (ele, que não tem TPM, rs)... O sabor do atum, o "croc" aconchegante das nozes, os sabores do espinafre e do gergelim, o perfume do azeite... Tudo junto num prato leve, saboroso e... "curativo", eu diria ;)
Naquela noite, matei as fomes (a física e a emocional) que me aplacavam e serenei a inquietude de um dia inteiro num prato que me caiu beníssimo, tive um final de dia sussa e dormi com os anjos, saciada e em paz! rsrs...
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Meu arroz maluco "anti-TPM"... Placebo ou não, o prato é leve, saboroso e "apaziguador" ♥ |
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